quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Shoppings Centers e a Revitalização do Centro de São Paulo


São Paulo é a cidade brasileira que tem o maior número de shopping centers de grande porte. Só nos últimos três anos foi mais de uma dezena de empreendimentos novos, fora as expansões e inaugurações de novas alas que estão sempre ocorrendo.
O modelo já está mais que consagrado: quase que as mesmas lojas, muitas salas de cinema que cobram mais pela pipoca que pelo ingresso, praça de alimentação, estacionamento cobrado, serviço de manobristas opcional, espaço gourmet, ala de serviços,  integração com um hipermercado, etc.
E parece que não há limite para o crescimento deste tipo de estabelecimento. A sensação que temos é que se amanhã fossem ingaurados em Sampa mais uns 20 shoppings de grande porte, no dia seguinte estariam todos abarrotados de gente.
Se fizessemos um esforço para elencar os motivos do sucesso deste modelo de negócios, inevitavelmente chegaríamos no trinômio: muitas opções de consumo, conveniência para chegar (e estacionar) e segurança.
Curioso que mesmo naqueles estabelecimentos localizados junto à estações do metrô ou à terminais de ônibus, a maioria dos frequentadores chegam ao shopping de carro, e os seus estacionamentos estão sempre lotados.
Desde quando cheguei em São Paulo em 85, ouço dizer em revitalização do centro da cidade. Já passaram pela prefeitura políticos do PMDB, PTB, PT, PP, PSDB e DEM e, até agora, quase nenhum resultado prático. As poucas iniciativas bem sucedidas, se perdem na "boca do lixo" ou na "cracolândia".
A despeito dos imóveis no centro custarem muito menos por causa deste triste cenário, as vagas de garagem, pela escassez, excesso de regulamentação e esperteza das empresas administradoras custam o triplo de outras regiões mais nobres como Paulista, Faria Lima e Berrine.
E é ilusão acreditar que os consumidores classes A ou B vão deixar o conforto de seus carros para irem fazer qualquer coisa no centro em transporte público. Mesmo os emergentes das classes C e D, que usuam ônibus ou metrô durante a semana, ou durante o dia, preferem à noite ou nos fins de semana ir às compras ou ao entretenimento de carro.
Assim enquanto houver a mentalidade de tirar os carros do centro, dificultando o estacionamento, depois do horário comercial e nos fins de semana, as ruas do centro continuarão quase um deserto, sendo ocupadas por delinquentes, prostitutas de oitava categoria e usuários de drogas, com muito lixo, sujeira e cheiro ruim, num triste cenário que todo paulistano não deve ter nenhum orgulho.
Se durante o dia, para desafogar o trânsito, a cidade deveria ter menos carros no centro, à noite e nos fins de semana, os carros deveriam ser bem vindos e até incentivados no centro. Seus ocupantes trariam consumo, entretenimento e vida.