terça-feira, 4 de outubro de 2011

Agressões na Av. Paulista


Neste fim de semana a mídia noticiou mais um caso de agressão à gays na Av Paulista, o mais importante cartão postal da cidade de São Paulo.

Foi o suficiente para uma  multidão de pessoas se manifestassem indignadas pelas redes sociais, contra a polícia e contra as autoridades responsáveis pela segurança na região, questionando por que não se instalam postos policiais contra a homofobia na avenida.

Eu não tenho procuração para defender a polícia, nem muito menos as autoridades, mas o que ocorre de fato é que a imprensa é sensacionalista e já descobriu que apresentar brigas e crimes de agressão como motivados pela homofobia, e na mais importante avenida da cidade,  gera grande repercussão.

Em primeiro lugar a agressão não ocorreu na Av Paulista e sim na rua Bela Cintra, numa distância de pelo menos quatro quadras da Av Paulista, numa região que há decadas é famosa pela intensa vida noturna. Desde que cheguei em São Paulo, em 1985, sempre soube que a região da Consolação, nas imediações das ruas Augusta, Bela Cintra e Frei Caneca é dominada por casas noturnas, boates, inferninhos e pontos de prostituição. Assim ao apresentar o episódio como ocorrido na Av. Paulista é desonesto.

Dos dois episódios anteriores, amplamente noticiados como ocorridoss na Av Paulista, somente o caso da lâmpada ocorreu lá. O outro ocorreu na Av Brigadeiro Luiz Antonio com Rua Treze de Maio,  que também fica distante da Paulista. Há uma nítida forçação de barra ao tentar noticiar tudo que ocorre na Bela Vista, Paraíso, Consolação, Jardins como se ocorresse na Paulista.

Em segundo lugar, a Av. Paulista é uma das vias públicas mais policiadas do país, com um efetivo permanente de mais de 250 policiais, que estão presentes inclusive na madrugada.

Por sair do trabalho passo à pé na Paulista quase todos os dias próximo da meia noite e o que observo é que a via é muito frequentada por jovens, que andam em grupos, e se rivalizam com outros grupos, por motivos fúteis, alheios à homofobia. Muitas provocações recíprocas podem terminar em brigas, quando não há um policial por perto. Daí é fácil quem levou a pior na briga alegar que apanhou por ser vítimia de homofobia. Para a mídia é um prato cheio noticiar a suposta intolerância...

Na saída da estação Trianon-Masp há uma quadra de calçadão, na Al. Rio Claro, entre Paulista e São Carlos do Pinhal. Neste calçadão há muitos bancos, e a partir das 23 horas é comum ver dezenas de casais homo (masculino e feminino) e hetero se amanando harmoniosamente. Muitas vezes num mesmo banco há um casal homo numa ponta e um casal hetero na outra. Outras vezes é possível ver um dos parceiros semi-despido no colo do outro parceiro ali se amando ao ar livre, sem nenhum problema. Se houvesse toda esta intelerância que a midia diz ter, e na verdade parece que torce para que haja, estas cenas calçadão da Al Rio Claro não existiriam!